quinta-feira, 29 de abril de 2010

Coisas que eu preciso dizer...

Hoje eu acordei com uma sensação estranha. Apesar da dor infernal que eu estou sentindo em meu braço, e da forte gripe que me pegou e não me larga nem a pau: é uma tossida e um "ai", rs, acordei com a sensação eu devia falar as coisas que eu penso, porque pode ser que amanhã eu não tenha mais a oportunidade de dizer. Então, apesar de essa semana eu ter vindo aqui quase todos os dias, cá estou eu, mais uma vez, para colocar para fora um pouco das minhas baboseiras.
Muitas coisas me magoam, mas a maior delas é a de ter de pagar pelas coisas que eu não fiz, mas acreditam que eu tenho feito, e pelas coisas que eu não disse, mas que atribuíram a mim como se fosse eu que tivesse dito. Pessoas ficarem magoadas com a gente porque outras disseram que a gente falou isso ou aquilo, ou disse isso ou aquilo. Vamos lá: se eu tivesse dito, você saberia, porque eu teria dito pessoalmente. Não mando recado. Não tenho vergonha das coisas que eu falo. Se eu tivesse feito, com certeza também saberia, porque eu mesmo diria, porque eu não tenho vergonha das coisas que eu faço. Posso até arrepender, mas envergonhar, nunca.
Eu acredito que as pessoas devam ser julgadas pela sua personalidade, por aquilo que elas construíram em torno de si. Não por pré-julgamentos descabidos.
Quando fui escolhido para ser "professor-educador", porque ninguém escolher ser professor, isso já foi escolhido para nós antes mesmo de nascermos, devemos estar preparados para tudo isso. Porque receberemos julgamentos de todos os lados e de todas as formas, e gratidão é a única coisa que não podemos esperar. Mas também não é para isso que vivemos.
A maior recompensa para um professor não é o que um aluno lhe dá, e sim o que ele será em decorrência daquilo que representamos para ele.
Não há dinheiro que pague isso.
Tenho minhas convicções e, quanto às minhas mágoas, mas aprendi a conviver com elas.
Acredito, por exemplo, que a Educação, em pouco tempo, vai entrar em um caos tão grande que não terá mais volta. Honestamente, pensem o que quizerem pensar de mim agora, mas vou disser o que eu penso:
Boa parte dos professores são apenas mercenários.
Trabalham por dinheiro. Dizer que estão comprometidos com um todo, que é a Escola, é balela. Estão preocupados é cada um com o seu umbigo.
E os que não estão são os que estão pagando o preço mais alto.
A Educação é um todo, muito maior que a soma de suas partes, mas infelizmente é um quebra cabeça onde cada pecinha tem vida própria e quer uma coisa diferente.
hoje eu disse para alguns ex-alunos que, para mim, nota é a coisa mais ridícula que existe na Educação. Rotular uma criança com um 8, 9 ou 10 é como colocar preço nas coisas, pois o valor depende do valor do mercado. Por isso, já dou 10 para todo mundo e aviso:
se o seu problema é nota, já não é mais. Agora, se quer aprender, por favor, continue aqui comigo que temos muito a aprender uns com os outros.
Escola, se fosse boa, não tinha paredes nem grades, disse um grande educador há algum tempo atrás.
Estudar, ultimamente, é um saco. Só que a gente precisa, mas só sabe que realmente precisa depois que perdeu muito tempo. Por isso eu já explico desde o início o que eu estou ensinando:
_ Olha, tenho certeza que você não vai gostar dessa matéria, ou não. Mas você vai precisar saber e aprender isso porque vai usar aqui é ali.
Isso é um crime? Sou melhor ou pior que outras pessoas justamente porque quero que elas entendam o porque aprenderam ou deixaram de aprender alguma coisa?
Para mim isso devia ser lei!
Tem coisas que aprendi em minha vida na Escola que até hoje não sei porque eu aprendi. Mas na minha época a gente não podia questionar o professor:
Estou aprendendo porque é necessário. Então vou aprender, mesmo não sabendo pra que.
Hoje as crianças têm um excesso de informação monstruoso, mas os educadores estão mais perdidos que cego em tiroteio, ao invés de aproveitar toda essa informação a seu favor
Esses dias questionei sobre o porque o intervalo tem que ter apenas 15 minutos e não 30, sei lá, talvez mais. Tem que ter porque tem que ter. Só isso!
Não sei, só sei que foi assim. Ariano Suassunamente falando.
É ridículo. Eu entendo que a criança deve brincar. Desculpe a minha opinião, é apenas minha simples opinião, mas uma pessoa que trabalha na cozinha da escola, por exemplo, não tem obrigação pedagógica nenhuma. A criança sai da sala assim que "bate o sinal" e deve decidir se brinca ou se come. Hora, até eu que tenho quase 40 anos no lombo escolheria brincar. E deveria brincar! Mas aí essa mesma criança chega toda suada no refeitório e escuta mil xingamentos de uma pessoa que está ali pra isso, está até certa. Ela quer acabar o serviço dela logo.
_ Ará! Ao invés de vir comer ficou lá brincando né. Agora não vai comer mais não, pode ir embora.
Se eu fosse essa criança, nunca mais eu voltava nesse refeitório. E odiaria essa pessoa pelo resto da vida.
Será que eu sou diferente das outras pessoas?
Tem um amigo meu, que é professor, e é uma pessoa que eu considero muito, que disse que a mãe dele parou de estudar com 11 anos, porque uma professora puxou a orelha dela na escola, e ela disse que nunca mais ia voltar lá. Quando chegou em casa, o pai disse para ela:
_ Tudo bem. Se é assim que você quer, não tem problema. Mas se não vai para a Escola, vai para a roça.
Perfeito!
Preciso dizer para onde a mãe dele escolheu ir?
O problema é que hoje se a criança fala que não vai para a escola o Conselho Tutelar que, diga-se de passagem, deve exercer essa função mesmo, vem até babando em cima do pai e o obriga a mandar a criança para a Escola, sob pena de abandono intelectual de incapaz.
Ô Lei que me deixa cada dia mais espantado!
A criança vai na escola porque é obrigada, senão não passava nem na porta.
Como eu estou com a sensação que não passo de hoje, rs, pouco me importa o que vão pensar sobre o que eu estou dizendo.
Por essa rãzão, acredito que a escola devesse adotar um horário de no mínimo 30 minutos de intervalo. A criança sai e diz:
_ Hum! O que eu vou fazer agora? Vou Brincar, vou comer, vou no banheiro, vou escrever e pintar nas paredes das escola (que estariam devidamente todas cheias de grandes folhas pregadas nelas), vou correr no páteo, vou assistir o filme do telão, o que eu vou fazer.
Eu teria escolha. E poderia sentir até saudade da sala de aula e torcer pra bater logo o sinal.
Mas...
Para alguns professores, o professor para ser bom tem que ser chato. Senão, com certeza ele é muito bonzinho, por isso as crianças gostam. É duro não ter opinião.
Esse mês escutei a mais maravilhosa das coisas, vindas de alguns alunos meus que, graças à Deus, aprenderam a ser criticas:
Duas "pessoas as quais a opinião serviria para alguma coisa de elas pudessem, de alguma maneira, servir de exemplo para alguém", que também não vem ao caso citar nomes, porque o que eu quero demonstrar é o enorme exemplo de anti-ética, falaram que não entendiam porque eu conversava tanto com os alunos, se eu não sei nem ensinar eles a falar direito. Rs. E que se eu gostasse realmente dos alunos eu não tiraria licença longa. Eu achei legal. Provavelmente eu cheguei pro meu médico e disse:
_ Dr., eu preciso de uma doença bem fudida porque eu quero ficar bastante tempo sem trabalhar. E uma que dê bastante dor também, porque eu adoro sentir dor.
É foda!
Se essas duas estivessem com a metade da dor que eu estou, já estariam fora da escola faz muito tempo. Covardes e anti-éticas.
Mas eu só estou na escola até hoje é justamente por causa dos meus alunos. E eu também não tenho que ficar explicando isso pra ninguém. Quer acreditar, que acredite. Ou compare o meu livro de ponto com o de alguém que abandona os alunos à própria sorte. Depois me conte.
Se eu tiver realmente que me ausentar por tempo longo da escola, com certeza será contra a minha vontade. Porque eu não vivo sem isso!
Eu estou magoado, sim, mas não ao ponto de sair falando mal de todo mundo. Acredite: as pessoas que crescem à sombra de outras pessoas não conhecem a luz. Torcer contra as pessoas ou desejar mal a elas ou falar e inventar sobre elas não deve trazer bons frutos.
Desejo sorte a essas pessoas: vão precisar.
Para terminar, conheço bem os meus defeitos, muito mais do que as pessoas podem imaginar. O problema é que eu sei conviver com eles. Isso me dá uns 100 anos luz de distância daquelas que só vêem coisas erradas nas outras pessoas e esquecem de olhar no espelho.
Sei que sou bom no que eu faço, e achei que merecia reconhecimento pelo tanto que sou profissional. Hoje isso não me incomoda mais. Sei que meu sucesso virá, para a alegria de muitos e para a tristeza de poucos. Mas virá. Preciso estar preparado para isso, e ser merecedor desse sucesso.
Minhas sementinhas estão plantadas.
Se eu posso viver no meu jardim, com plantas que eu vi crescer e ajudei a dar a forma, porque eu vou me preocupar com plantas velhas e que nunca darão frutos?
Eu quero ser lembrado como uma pessoa boa. Se não for, juro que eu acreditei realmente que eu era tá.
Se amanhã eu não puder estar mais aqui pra escrever, que saibam esses que sempre torceram contra mim que eu os perdoo por sua falta de competência. Se tivessem se preocupado mais com suas vidas do que com a minha, talvez tivessem feito sucesso também.
Se eu sobreviver, amanhã eu venho aqui e conto coisas novas.
Ah! Não queiram me conhecer quando eu estou com raiva. Melhor não. Mágoa, decepção é uma coisa. Eu com raiva, é fácil de saber, porque eu não deixo uma pedra em cima da outra, e isso não é nada bom, para ambas as partes.
Depois não diga que eu não avisei.
Obrigado por existir!

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