segunda-feira, 14 de março de 2011

Estamos criando monstros?


Eu considero que, nesse momento, estamos vivendo uma geração perdida.
Geração de crianças que não têm medo, porque nunca precisaram ter.
Não têm fome, porque o máximo que sabem sobre some é quando o almoço demora em casa.
Geração do controle remoto, que não precisa nem levantar para mudar de canal.
Que reclama quando sai a cor da TV.
Muitos de nós nem TV tinha, que dirá colorida.
Uma geração que damos tudo pra ela, porque não tivemos na nossa.
Uma geração de covardes, que consegue achar graça em momentos desumanos da vida.
Tenho medo disso.
Medo de saber que um dia essa geração será colocada a prova, e
muitos não terão nem do que lamentar.

Mas tenha certeza que vão apontar os culpados rapidinho: NÓS!


Isso mesmo.
Dirão que nunca deixamos que elas tivessem problemas e, então, agora não sabem como superá-los.
O duro que será verdade.
As crianças de hoje têm de tudo, e reclamam fervorosamente quando lhes falta algo que julgam importante.
Na escola não é diferente. As crianças de hoje, apesar de bem mais críticas que as de antigamente, também estão se tornando mais ridículas. Crianças podres de sentimentos.
Talvez imagens de seus pais, quem sabe. Espero que não.
Muitas crianças têm em seus professores seus únicos bons exemplos. Isso é uma pena!
É uma categoria que sempre teve um expressivo valor, desde antes de Jesus, nosso maior professor, mas que hoje anda se desvalorizando a passos largos.

São esses capazes de reverter essa situação, mas estão mais preocupados com o bônus do começo do ano do que a tão sonhada Educação de Qualidade.
Dinheiro não é reconhecimento, é conhequência de um bom trabalho. Mas se este não vem, não quer dizer que eu não deva continuar fazendo meu trabalho bem feito.
Um pedreiro, quando não recebe seu pagamento da semana, tem como opção parar de trabalhar, mudar de serviço, mas se esse resolve fazer seu serviço mal feito, além de não receber ainda perde boa parte de sua reputação como bom trabalhador.
Nossas crianças estão se tornando mercenárias, tanto de dinheiro, quanto de afeto.
Algumas temos que pagar para que nos amem, mas se esquecem, ou pior, só saberão que um dia chegará a vez delas quando já for tarde demais, e será bem pior do que está sendo com a gente.
Em um texto anterior, afirmei que vivemos em uma geração visual. As crianças só aprendem vendo, tocando, sentindo, e tem vários meios pra que isso aconteça.
Então, acredito que chegou a hora de mostrar-lhes a realidade que as cerca. Colocá-las frente a frente com as dificuldades que a vida nos impõe, mas que as protegemos para que não vejam afetadas.
Ou ensinamos a elas que viver não é brinquedo, ou um dia elas descobrirão isso da pior maneira.
Torço para que não estejamos criando monstros, que um dia serão contaminados por sua própria crueldade. Que sejam envenenados pelo próprio ferrão.
Sei que tenho tentado fazer a minha parte, mas ainda me incomoda ver que muita gente não faz.

Vamos ver no que isso vai dar!

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