terça-feira, 16 de agosto de 2011

Algumas realidades difíceis de entender

As vezes observo os alunos no refeitório da Escola.
As vezes é modo de dizer. Observo sempre.
Sempre que tenho a possibilidade, dou um pulinho lá.
Nosso refeitório, podemos dizer, é um lugar abençoado, graças à Deus.
Temos self-service, máquina de suco, e tudo que a molecada tem direito.
Infelizmente não são assim todos os refeitórios do nosso país.
E aqui eu tenho a possibilidade de ver situações que nos fazer refletir cada dia mais e mais, e ver a importância que temos na vida dessas crianças.
Existem crianças que fazem apenas uma refeição por dia. Justamente quando estão na escola.
Existem crianças que passa mo sábado e o domingo com fome, justamente porque nesses dias não têm aula. E ficam felizes quando encontram um projeto, onde podem se alimentar.
Você deve estar se perguntando: então ele quer dizer que a criança vai a Escola apenas para comer?
Torço para que não, porque senão seria ainda muito mais triste.
Mas infelizmente sei que algumas crianças levam uma vida que dificilmente poderiam se preocupar com outra coisa.
E aí aprendi a ser mais tolerante, e intolerante também, em alguns casos. Quando vejo crianças desperdiçando comida, sabendo que tantas outras dariam tudo por aquilo que estão jogando fora.
Cada dia que passa, esse momento torna-se ainda mais sagrado, que por si só se justificaria.
Vejo crianças com vergonha, porque estão com fome e querem comer mais, e ficam olhando no relógio para saber se tem mais tempo.
Vejo crianças com a dúvida de saber se brincam ou se comem. Aí fala mais alto seu espírito de criança, e elas brincam, mas depois soa mais alto o som do estômago, então lembram que têm que comer, aí correm para o refeitório com 2 minutos para tentar se alimentar.
Os recreios são ridículos, porque impedem que as crianças sejam crianças e aprendem da maneira mais cruel que são animais, porque existem animais cuidando deles.
Vejo crianças, felizes dizendo: Tio, o senhor viu que eu comi tudo?
O que mais eu tenho que fazer para poder retribuir tudo isso que Deus me deu?
Alimentar essas crianças com carinho, dedicação, afeto, amor, compreensão... é o mínimo que podemos fazer.
Se dá ainda para educá-los nesse momento, devemos fazer, mas entendendo que ali, dentre aquelas crianças, em uma progressão geométrica absurda, existem crianças que não têm o que comer, e que devemos fazer de tudo para mudar essa realidade.
Uma vez um padre levou minha turma para ver uma criancinha que ia ser enterrada, que tinha morrido de fome. Eu tinha 7 anos. Nunca mais esqueci daquilo.
Hoje vejo que de lá para cá, pouca coisa mudou.
E que algumas pessoas não aprendem que o que lhes foi dado na vida foi um dom, o dom de poder colocar no rosto de alguns anjinhos que não dinheiro no mundo que pague!

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