Quem são os nossos heróis?

Um dia você vai acordar e perceber que já não é mais tão jovem, já não consegue mais fazer as mesmas coisas, ir ao mesmos lugares, fazer as mesmas loucuras, se é que eram loucuras, perceber que amou pouco e falou demais, mas não o tanto que devia, pois a palavra que mais deveria ter dito era EU TE AMO, mas tinha vergonha demais para expor seus sentimentos. Agora percebe que não há mais tempo. Sempre há tempo. Nossos heróis já não são mais os mesmos, e você descobre que era feliz e não sabia. Porque a vida é assim?

Você se lembrará do He-man, da She-ha, daquele monte de filminho de superherói japonês que hoje parece ridículo, mas que fazia com que a gente não saísse da frente do sofá de jeito nenhum. Aí vai se lembrar dos desenhos animados: Smurfs, Caverna do Dragão... bons tempos. Vai lembrar, em conversas com os amigos:

_ Em tal lugar era um pasto, e vivia vindo circo alí. Eu vi o Chitãozinho e o Chororó lá, no começo da carreira deles. Ao final do Show, eles iam no posto de gasolina para tomar banho.

Se eles não se lembram disso, tenho certeza que perderam a lembrança dos bons momentos da vida deles, mas eu lembro. E acredito que até hoje eles contam essas histórias para seus filhos.

Quando pensamos em heróis, logo pensamos e superhomem, homem-aranha, e tantos outros... mas aí você se lembra da sua escola, e se fizer uma forcinha, vai se lembrar dos seus professores, e da maneira deles, dizendo o que você deveria fazer para se tornar uma pessoa de valor. A gente escutava, mas não dava muito lado não. Hoje percebemos que eles tinham razão e que deveriamos ter escutado mais... e falado menos.

De todas as maneiras, tentamos fazer a mesma coisa com nossos alunos, mas percebemos que a época não é mais a mesma, que a linguagem se perdeu e que hoje praticamente conversamos por gestos e sinais. Que o professor está mais para um palhaço de circo do que para um doutor renomado, com oantigamente. Que praticamente ensinamos por parábolas e que nossos ensinamentos demoram muito mais tempo para surtirem efeito. Mas mesmo assim continuamos tentando e tentando e tentando. Aí percebemos que nossos verdadeiros heróis não tinham máscara, não tinham capa nem superpoderes. E ainda sentimos saudade do giz.

Tem criança que não sabe o que é giz, espantam-se quando a gente diz:

_ Vira o disco! Troca a fita! Ainda não caiu a ficha?

Cd só tem um lado, e hoje eles vivem na época do pendrive. A única fita que ele conhece é a de Aparecida, ainda assim porque alguém lhe deu, porque nunca foi a Aparecida. A única ficha que conhecia era do Fliperama, ainda assim já não encontramos mais nenhum, porque computador não precisa de ficha, precisa de tempo.

É, a coisa é compliada.

Nossos heróis nos chamavam de filhos, irmãos, amigos, e agora eles não existem mais. Demoramos para entender isso, mas ainda hoje não fazemos nada de diferente para que os nossos também compreendam os seus. Eles eram, e ainda são, de carne e osso, e devemos tentar nos tornar inesquecíveis em vida e fazer o máximo possível para que nossas lembranças sirvam de exemplo para futuras gerações. Nossas, ou daqueles que amamos como se fossem nossos.

Porque tú te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas.

Porque saudade é um sentimento muito forte, mas com o tempo, a gente vai aprendendo a conviver com ela, mas respeito e admiração é algo eterno.

Somos todos superheróis. Basta descobrir o poder que temos em nós mesmos.

André Dorta