terça-feira, 7 de abril de 2009

Algumas Considerações sobre Educação - 3ª Parte - DROGAS



Dessa vez eu não citarei o dicionário para definir a palavra porque acredito que não tenha necessidade. Definir a palavra droga não é tão complicado. Sempre empregamos essa palavra quando nos referimos a algum medicamento na farmácia ou quando nos referimos, também a alguma coisa que não gostamos muito ou que julgamos não prestar: "isso é uma droga". Ou a algum entorpecente, seja de qualquer familia ou natureza. É dessa terceira definição que eu vou falar agora. É complicado falar, mas é necessário. Infelizmente, algumas pessoas só se atem a esse assunto quando a situação já beira o caos. Nossos jovens estão se afundando, jogando fora um futuro promissor em troca de pequenos prazeres momentâneos. Os maiores culpados disso tudo são, nessa ordem, os pais, que não promovem o diálogo sadio com seus filhos, mostrando os vários caminhossem volta que a droga pode lhes levar, os educadores, de uma maneira ou outra, por acreditar que esse tipo de educação não lhe compete. Amargo engano. E os próprios jovens, por se deixarem levar tão facilmente pela lábia de alguns idiotas interessados apenas na sua satisfação financeira em detrimento da saúde e do bem estar de outrém. Se você acha que isso está bem distante de acontecer com os que o cerca, está redondamente enganado. Por mais que eu conviva em uma sociedade que acredite estar imune a tudo isso, por várias vezes me vi em meio a alunos em posse de drogas ou em situação suspeita, que tive que tomar providências enérgicas, mas carinhosas (riso), para tentar dominar a situação. Por várias vezes tive diálogos intermináveis com alunos, tentando trazê-los a realidade, me colocando em situação de conselheiro, sem sucesso, na maior parte dos casos. Quantas vezes você ouviu falar de campanhas sobre drogas nas escolas? Se ouviu, tenha certeza que foi superficial pra caramba. O bandido tem uma lábia bem maior que a nossa. Nós permitimos isso. Somos tão culpados quanto eles. Se acreditamos que devemos obrigação apenas aos nossos filhos, saiba que nenhuma redoma é capaz de segurá-los. Um dia eles terão opinião própria, e você descobrirá que deixou a desejar na sua educação. Que não disse tudo que devia, que não foi companheiro nas horas que ele mais precisava... e que agora é tarde. Perder um filho para a droga é vê-lo morto ainda vivo. Não precisamos passar por essa situação para tomar-mos uma providência.

De uma forma ou de outra, somos nós que financiamos o tráfico. Toda vez que compramos um produto pirata, toda vez que compramos um equipamento contrabandeado, toda vez que adquirimos um produto de origem suspeita (pra não dizer roubado), estamos agindo contra nós mesmos, contra o futuro da nossa sociedade.

A droga pode estar dentro da sua casa, e você ainda não percebeu. Talvez essa droga seja até mesmo você. Um inútil em relação a sustentação moral da sua familia.

Dias atrás, vindo de uma pescaria com um amigo, na minha cidade natal, Paulo de Faria, passamos em um barzinho, em um bairro da cidade, pra tomar algumas cervejas (riso). Meu amigo me disse:

_ Espere um pouco e você verá uma coisa que não vai acreditar.

Eu fiquei sem entender, mas fiz como ele disse. Fiquei esperando, não sabia o que mas fiquei.

Em pouco tempo, apareceram três meninas, de familia nobre na cidade, e encaminharam-se ao bar onde estávamos. Eu espantado, perguntei a ele o que aquelas meninas, acima de qualquer suspeita, estavam fazendo ali. Um bar, até então, no meu modo de pensar, impróprio "para aquele tipo de gente".

Então ele me disse:

_ Você está surpreso. Ainda não viu nada.

Elas encaminharam-se ao balcão, sussuraram alguma coisa ao cidadão que estava do outro lado e este retirou um pacotinho do bolso e entregou a elas. Elas entregaram a ele um papelzinho enroladinho, que depois descobri que era algumas notas de R$ 10,00 enroladas, como forma de pagamento. E sairam para "curtir o seu barato".

Já fiquei indignado de imediato. Fiquei imaginando as minhas filhas. Meu amigo me disse:

_ Calma, você ainda não viu nada. Espere que a situação é muito mais feia do que você imagina.

Devo ter ficado lá por valta de umas 2 horas, e nessas duas horas, a cada minuto, eu me espantava mais. Algumas delas, quando percebiam que eu estava no bar, como me conheciam e sabia que eu tinha bastante proximidade com a familia delas, ao invés de entrar chamavam o filho da ... para fora, e lá este intermediava o negócio. Muitos de vocês podem se perguntar: porque ele não denunciou?

Gente, acordem para a realidade. Denunciar para quem? Denunciar o que? Se a própria polícia, na maior parte dos casos, já foi dominada por essa corrupção sem fim!

Mas é triste.

E o meu amigo ainda completou. Essa semana, teve uma dessas que saiu com 4 caras, foram para um rancho desses, por causa de drogas. Você consegue imaginar essa situação?

Em outra ocasião, em outro município perto do meu, um amigo me ligou para dizer que queria pescar, e que era pra eu organizar as coisas. Tudo bem. Fui ao mercado, comprei carvão, carne, cerveja, farofa, outros ingredientes, e deixei tudo preparado para quando eles chegassem. Quando chegaram, ao final da tarde o cara me perguntou que hora as meninas chegariam. Eu respondi que minhas meninas preferiram ficar em casa. O cara sorriu e disse que "não eram essas meninas" que ele estava esperando.

Eu disse a ele que esse não era meu perfil e que, se ele estivesse interessado, era só ter passado em Rio Preto, que com quaisquer R$ 200,00 ele traria umas 2 ou 3 de uma casa de massagem dessas por aí.

A resposta dele é que me deixou espantado.

Ele disse que eu estava "desatualizado". Que a última vez que eles vieram a Orindiúva, um amigo deles pegou o telefone e ligou para "algumas amigas", e logo elas apareceram por lá. E por lá ficaram por um bom tempo, fazendo "a alegria" da rapaziada. Até aí, tudo bem. O problema é que, quando eu olhei a lista com o nome das meninas, levei um susto. Todas eram ou tinha sido minhas alunas. A mais nova estava na 7ª série e a mais velha no 1º colegial. Quase cai duro no chão. É ima sensasão de impotência monstruosa. E o pior ainda estava por vir. O cara desse que esse outro "amigo" dele dominava a meninada com pedras de crack e maconha. Depois a gente tenta conversar conversar com nossos alunos sobre esse assunto e dizem que "estamos fazendo mais do que nossa obrigação". O que eu tenho que fazer? Lavar minhas mãos?

Uma semana dessas, eu conversei bem sério com meus alunos, e disse que, na circunstância que as coisas andam, já já iriamos encontrar uma menina no meio do canavial com a boca cheia de formiga. Achei que eu estava ajudando. Na outra semana me chamaram na diretoria, e me colocaram literalmente no colo, pois disseram que alguns alunos tinham reclamado de mim, porque eu estava "torcendo" para que um dia isso acontecesse. É complicado. Se meus alunos já não me entendem mais, acho que tá na hora de eu abandonar o barco!

Na verdade, acho que é isso mesmo que eu vou fazer. Acho que já não tenho mais muita coisa pra fazer por aqui.

Agora é torcer para que tudo corra bem, e que esses meus anjos tornem-se pessoas de bem!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário