quarta-feira, 31 de março de 2010

UMA SIMPLES QUESTÃO DE RESPEITO

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Bom, lá vou eu, mas uma vez, me meter em EDUCAÇÃO.

Daqui a pouco vou acabar achando que entendo alguma coisa disso, rs.

Essa semana foi fogo. Conversei sala por sala sobre comportamento, tolerância, limite. Fiz uma comparação entre o ontem e o hoje, e tentei, a minha maneira, não só trazer meus alunos à realidade, mas mostrar-lhes a realidade em que se encontram.

Falei sobre os professores de antigamente. Sobre a figura que o professor representava.

E contei uma historinha:

Disse que eu lembrava que, quando um professor entrava na sala, todo mundo ficava de pé, em sinal de respeito, e só se sentava quando o professor mandasse. Falei que quando o Diretor entrava na sala de aula, todos os alunos também ficavam de pé, e quando este falava o que tinha que falar e saia, os alunos batiam palmas.
E olha que isso não faz muito tempo.

Essa era uma época em que a palavra do professor era Lei. Valia mais do que a do Juiz, delegado, médico e do Promotor juntos.

Uma época em que, se o aluno chegasse em casa com um bilhete do professor o aluno estava enrolado. Os pais viam nos professores uma oportunidade de os seus filhos se tornarem grandes pessoas.

Um professor era comparado a um Juiz, um Delegado, um Advogado, um Médico...

Hoje a profissão de professor é quase comparada a final de carreira, falta de opção.
Acredito que em alguns casos poderia até ser comparada mesmo.

Disse também que hoje os pais não conhecem os filhos que têm. Falei sobre o poder que essas crianças têm em mãos e às vezes não sabem. Contei que tudo isso começou a partir do momento em que a familia desestruturou, no momento em que as mulheres quizeram direitos iguais aos homens.
Ora! A partir desse momento as mulheres regrediram, porque querer direitos iguais aos homens é "andar-para-trás", porque a mulher é muito superior ao homem, cientificamente comprovado. A mulher consegue lavar roupas, fazer comida, passar roupa, limpar a casa, acompanhar a tarefa dos filhos, assistir televisão e ainda atender ao telefone ao mesmo tempo. Experimente conversar com um homem enquanto ele assiste a um jogo pra ver o que acontece!
As mulheres têm muito mais competência para administrar e educar.

A maior parte dos acidentes de trânsito acontecem porque os homens estão ao telefone celular. Ou conversa ou dirige.

A partir desse momento, em que as mulheres passaram a ter uma vida mais ativa na sociedade, passaram também a ter responsabilidades sobre a renda familiar. Começaram a exercer atividades importantes e começaram a se ausentar do lar. Ou seja: os pais já não têm mais contato com seus filhos.

Certo dia uma mãe me encontrou em um dos corredores da escola com seu filho e me disse:

_ Você que é o famoso tio André? Nossa! Parabéns! Meu filho adora o senhor. Eu não sei como o senhor aguenta essa praga, essa desgraça de moleque, esse capeta. A gente só tem sossego depois que ele vem pra escola. A tarde é igual Telesena: de hora em hora ele toma um cacete pra ver se sossega e cria vergonha.

Eu arregalei os olhos, e fiquei olhando pra carinha da criança, e disse:

_ Pra senhora ver. A senhora tem um só pra cuidar, imagina eu que tenho 25 e nenhum deles é meu?

São coisas que não têm cabimento de a gente escutar.

Ou seja: os pais sem de casa pra trazer o sustento e os filhos já não têm mais aquele contato que deviam.

Os pais respeitavam os professores. Hoje eles vão na escola, entram com uma facilidade enorme, colocam o dedo na cara do professor e o ofendem com todos os adjetivos imagináveis e inimagináveis. Antes disso, passam de boteco em boteto, rodinha em rodinha, metendo a boca no professor.

Essa semana escutei de algumas pessoas, quando fui em um barzinho comprar refrigerante e do dono do estabelecimento, que me perguntou se era verdade que uma professora tinha agredido um aluno na escola. Disse ele que a mulher contou pra ele que as professoras da escolas eram todas vagabundas, que ficavam sem fazer nada o dia inteiro, só falando da vida dos outros. que eram umas mal-amadas, por isso descontavam nos filhos dos outros. Que não sabiam dar aulas.

Simples assim.

O que ela esqueceu de dizer é que, depois que ela foi na escola e descobriu que a história não era bem aquela que ela havia pintado, depois que ela descobriu que era o filho dela que tinha inventado toda a história e que na verdade era ele que tinha agredito outra criança, nem desculpas pediu a professora, e ainda deixou que a comunidade ficasse com aquela imagem daquele profissional. Ela não voltou para trás, desfazendo a besteira que tinha feito.

Contei a ele a história de uma certa criança que uma vez quase fez com que uma professora tivesse sérios problemas.

Essa criança, depois que a professora chamou-lhe a atenção porque ele não havia feito a tarefa, pegou uma lapiseira e arranhou todo o seu braço, e depois foi a direção e disse que o professor a tinha agredido. Assim que chegou em casa e contou aos pais, esses vieram mais que rapidamente à escola e queriam tirar satisfações com o professor. Quando eu digo tirar satisfações não é chegar na escola, conversar humanamente e pacientemente com o professor, com os colegas do seu filho, e descobrir a verdade ou confirmar o acontecido. Normalmente quando um pai vai a escola ele vai com a versão da criança, e se deixar agride o professor em pleno ambiente escolar. Depois que descobre a verdade, o professor é obrigado a aceitar apenas às desculpas do pai e pronto.

Os pais não: esses vão ao Conselho Tutelar, fazem B.O. na policia, procuram o Juiz da Infância e Juventude, fazem um escarcel, mas quando descobrem que estavam enganados, dizem que os professores "são preparados para isso".

Porque será que tem tanto professor com problemas de saúde?

Ora, não quero dizer que os professores têm sempre a razão. Não é esse o meu objetivo. O que eu quero dizer que nem sempre as coisas são como parecem ser e, infelizmente, nossos filhos, em uma boa parte dos casos, não são bem os donos da verdade. Como os professores também não são.

Há de se estabelecer um diálogo sadio, e conhecer realmente os filhos que se têm, para não massacrar ainda mais uma classe que acredito eu não ter mais como ser massacrada: O PROFESSOR!

Mas este também chegou à situação que chegou porque, durante muitos anos, foi aceitando calado obrigações que não eram suas. Hoje, reclamar só não adianta mais, e alguns pais ainda acham que os professores estão fazendo menos que deviam.

Quando a Escola Integral se tornar uma realidade, terá pai que verá seus filhos só na hora do Jornal Nacional, e olhe lá.

Acredito que a solução seja cadernos de registros de ocorrências, registrando toda vez que um fato interessante de ser registrado acontecesse. Que os pais também fossem responsabilizados pelas inverdades produzidas por seus filhos. Os professores também devem ter seus direitos garantidos!

Um professor pode receber uma advertência, e um pai?

Já que é para fazer barulho, que este seja feito, e que as responsabilidades sejam mostradas, doa a quem doer.

Tenho filhas, sei bem como é quando um filho da gente chega e diz que foi mal-tratado. Mas não podemos perder a razão, e quando perdermos, também devemos ser penalizados por isso.

Desculpas não devolvem a moral de ninguém.

Hoje eu usei um exemplo de que um professor dentro da sala de aula é como um soldado que vai pra guerra e descobre que todos os seus inimigos estão com uma metralhadora cada um e ele com um cacetete, e ainda sim não pode usar senão é demitido.

É como um vigia de banco: tem arma, cacetete, até algema, mas se usar é mandado embora.

Que quando um aluno leva uma pancada no dedo, fala todos os palavrões conhecidos e desconhecidos pela humanidade, ao passo que um professor pode dizer apenas ÁI. E chorar bem baixinho, sozinho, porque se falar algum palavrão vira tempestade, se demonstrar dor é um fraco.

Falei que as crianças entram dentro da sala de aula protegidas pelo Estatudo da Criança e do Adolescente, Juiz, Promotor, Juiz da Infância, Conselho Tutelar, Delegado, Constituição Federal, Diretor, e até Código de Defesa do Consumidor.
Ou seja: um professor para abrir a boca têm que tomar muito cuidado para que suas palavras não soem como ofensas.
A criança pega todos esses livros e direitos e jogam na cara do professor diariamente, e ele ainda têm que agradecer. Para professor a DESCULPA basta. Até quando eu não sei.


Apesar disso tudo, eu tenho orgulho em dizer que eu SOU PROFESSOR.

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