sexta-feira, 28 de maio de 2010

Viver para morrer ou morrer para viver



Educação, Educação, Educação...




Já estou até me acostumando com o assunto, e me sentido até mais a vontade para comentar.


Mas a coisa está ficando feia, e não é mais uma questão de nos perguntar ou não nossa opinião: a opinião de todos é importante.


Em alguns momentos, tenho vindo aqui e comentado algumas passagens da minha vida, algumas coisas que aconteceram comigo. Hoje não vai ser diferente. Ontem, em um encontro com grandes amigos, pessoas que eu considero bastante, o assunto, em um determinado momento, foi o das DROGAS. Sei que muitas pessoas têm medo de comentar sobre esse assunto, e outras um receio danado. Mas eu tenho duas filhas pequenas, uma afilhadinha e a irmã que são como minhas filhas também, uma sobrinha que também considero minha filha, a filha de um grande amigo, que é padrinho de uma de minhas meninas... Meus alunos. Nossa! Esses então...


A situação está ficando descontrolada, e estão tentando enfiar a sujeira para debaixo do tapete. Um dia me criticaram porque eu tinha feito uma pesquisa pessoal e cheguei a triste descoberta que 3 em cada 4 jovens e adolescentes já experimentaram algum tipo de droga. Me chamaram de maluco, que eu estava querendo aparecer. Então estou em meio a um monte de zumbis, porque é o que está acontecendo realmente. Nossa juventude está se perdendo, e ninguém está nem aí. Quando atentarem para a situação, pode ser que já seja tarde demais.


Aqui, são jovens de classe média-alta que estão afundando seu futuro em um mar de lama que dificilmente terá volta. Pessoas acima de qualquer suspeita, envolvidas com gente de até então muita credibilidade, que estão afastando para cada vez mais longe a realidade de um sonho que provavelmente nunca sairá do papel.


Eu não entendo. O que leva essas "crianças" a se envolver com algo tão perigoso?


A necessidade de uma emoção diferenciada?


Uma sensação que não pode ser encontrada em tudo o que as cerca?


A facilidade que lhes foi imposta pela justiça, em que uma criança não pode trabalhar, não pode isso, não pode aquilo, e não pode aquilo outro... Uma das coisas que não pode é ser punida?


Ou o fato de estarem se tornando criaturas ridículas, que precisam de um "aditivindo" para ser tornarem aquilo que nunca conseguirão se tornar de cara limpa?


Nossa, eu estou morrendo de medo. Não sei que futuro espera as minhas filhas. Mas sei que em um determinado tempo da vida delas que as decisões pelo futuro serão tomadas por elas mesmas. Pode ser que eu já não possa fazer mais nada.


O perigo está rondando as nossas casas, e não estamos dando a ele a devida importância.


Essas palestrinhas, campanhinhas de parede de boteco já não adiantam mais. Devemos usar de mais energia. Mostrar a realidade nua e crua. Expor a ferida. Não dá para tratar isso apenas com uma simples doença, porque não. Pessoas estão matando e pior, pessoas que não têm nada a ver com essa ignorância estão morrendo. Pessoas de bem, mortas pela satisfação de um simples "baratinho".


Crianças com um enorme potencial, que se deixam levar por um som mais forte do que o som da verdade. Crianças que começam a trilhar um caminho que ninguém lhes mostrou que não tem saída. Um abismo. Como animais que atraem suas vítimas lhes mostrando coisas lindas, chamativas, apaixonantes, para depois consumirem suas vítimas.


Gente, a vida é maravilhosa. Não a destruam tão facilmente apenas para sair "bem" na foto.


O que a juventude acha interessante hoje, há pouco tempo atrás não tinha o menor valor. E olha as pessoas que nos tornamos hoje? Pessoas que sentem saudade de uma época maravilhosa. As crianças de hoje, provavelmente não sentirão saudade de nada, porque simplesmente não existirão. Será saudade. Infelizmente.


Nossas crianças hoje não têm mais prazer em viver. Está tudo tão fácil, que simplesmente não tem mais sentido se esforçarem. Não existe mais conquista. Não existe mais, então, o prazer de uma conquista, seja ela profissional, amorosa, financeira...


Nossos jovens hoje "ficam". Calma! Não é uma critica quanto ao ficar. Mas o ficar de antigamente era mais saboroso. Tinha todo um charme, um detalhe, que valorizava a conquista. Hoje a menina sai para a rua com uma listinha no bolso de potenciais "ficantes". Isso é incrível.


Gente que, quando chamada de careta pelos coleguinhas, toma pinga, fuma cigarro, cheira pó, fuma um cigarrinho do capeta, dá a bunda... Isso quando não começa a dar a bunda para conseguir todo o resto. Sei que meu Blog é lido por muitos de meus alunos e pessoas que eu não sei por que me admiram, então peço perdão pelo palavriado. Mas, se encontrarem uma palavrinha mais bonita, me diga que eu substituo. Entendam a minha indignação. Mas é uma sensação de impotência que foge às coisas das quais eu tenho controle. Podem me criticar depois, mas eu falei o que estava engasgado na minha garganta. E, antes de me criticar, lembre que pode ser que uma de suas filhas ou filhos (juro que isso não é uma praga, é um alerta) já pode estar envolvida e você ainda não percebeu. Na melhor das hipóteses, quero que chegue para mim, no futuro e me diga: _ Você estava redondamente enganado. Mas, por favor, nunca me diga: _ Você tinha toda razão.


Ontem eu contei aos meus amigos a história de uma neta de um grande amigo nosso, que, quando eu estava chegando da faculdade, pulou na frente do meu carro, isso por volta das 23:10 - 23:30 horas, me pedindo carona para que ela pudesse ir à casa do avô buscar dinheiro para pagar o lanche, que ele tinha dado e ela havia esquecido em casa. Eu disse que levava sem problemas. Então ela disse que podia ser que o avô estivesse dormindo, ou pior, não estivesse em casa, então ela não conseguiria pegar o dinheiro. Eu disse que tudo bem. Se lá ele não estivesse, eu a traria de volta. Mas ela insistiu que precisava pagar o lanche. Então eu disse que o mais certo era ela ir à casa do avô, como queria. Então ela disse que estava com medo dele ficar nervoso com ela e que ela achava melhor não. Então, me pediu R$ 20,00 emprestado, para que ela pagasse o lanche e, no outro dia, o avô me reembolsava. Eu estava acabando de chegar da faculdade, não tinha um puto, e disse isso a ela, ainda pedindo desculpas. Para minha surpresa, ela não acreditou, e me disse que eu estava complicando as coisas, porque ela tinha certeza que eu tinha dinheiro sim. E sugeriu que eu desse uma "voltinha" com ela, e que ao final dessa "voltinha" eu a presenteasse com os R$ 20,00 que ela precisava.


Ontem me chamaram de idiota. Onde já se viu, uma gata daquelas ia fazer minha alegria por míseros R$ 20,00. Honestamente, é uma gata. Mas não era isso que eu estava procurando quando voltei da faculdade. Menina que se vende para satisfazer seu baratinho, não tem valor. Vai morrer cedo, e levar um monte junto. Mas eu não.


Pensei nas minhas filhas. Pensei naquela menina ainda criança, e toda a criação e a família a quem ela pertence. Deu ânsia de vomito. Não deixei sequer que ela entrasse no carro. Deu vontade de fazer um monte de outras coisas, mas eu fui embora para casa. Acredito que errei. Não devia ter ido. Devia ter dado um jeito de avisar a família dela. Mas será que acreditariam em mim?


Não acreditam em muito menos que isso.


Mas essa história aconteceu, infelizmente, e não sei dizer qual foi o desfecho. Mas toda vez que a vejo fico envergonhado. Ela não. Acredito que nem se lembra mais da história. Pode ser que nem estivesse em si.


Nossos jovens precisam aprender a dar mais valor em suas vidas.


As coisas boas da vida não estão nessas facilidades mundanas.


O bom da vida é sentir a vida. É sentir-se vivo.


Isso é suicídio.


Achei que devia compartilhar com vocês, porque a situação está fugindo ao controle.


A Educação pode mudar esse quadro, mas devemos parar de levar a Educação na brincadeira e começar a valorizar mais as pessoas que têm valor.

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