quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O que fazer, se eu não sei o que fazer

Essa semana ouvi uma educadora dizer que a escola, com aluno, parece presídio, sem aluno, parece hospital. Pai Nosso que Estais no Céu.


Minha primeira reação foi de indignação. Onde já se viu alguém falar uma coisa dessas? Afinal, nessa mesma escola estamos nós, nossos filhos...
Mas a gente para e começa a prestar atenção, e percebe que ela até que não está muito longe de ter razão.
Professores já não sabem mais o que fazer, os gestores estão de cabelo em pé, as crianças não podem trabalhar (pra ter mais tempo pra formar vagabundo), a maioria dos pais não estão nem aí para os filhos, mas teimam em dizer que sim...
O mundo acabou e esqueceram de me avisar.
Os alunos de hoje parecem frangos de granja. Querem falar o que quiserem, mas não medem as consequências.
Pensam que são adultos, mas não querem ter responsabilidades. São crianças transplantadas em corpos de adultos.
Os professores de hoje gastam mais tempo conversando com os alunos que lecionando.
Pergunte a um professor para você ver, quanto tempo faz que ele não dá exclusivamente a sua aula. Fica mais tempo chamando a atenção dos alunos, contando histórias, lapidando o comportamento, sendo pai, mãe, médico, psicólogo... do que cuidando do que realmente devia.
E cada dia a coisa piora.
Os pais passam tão pouco tempo com os filhos, e cada dia jogam mais e mais responsabilidades nos professores, e se esquecem das responsabilidades que têm.
Colocar um filho no mundo pra não educar e como querer fazer uma pipa subir sem vento.
Fico triste porque vejo na escola crianças que realmente querem ter um futuro melhor, ser alguém na vida, mas o Estatuto da Criança e do Adolescente aparentemente se esquece delas, colocando-as a mercê de crianças que vão à escola só para dar sossego aos pais.
Fico triste em dizer isso, porque faço realmente o que eu gosto e acredito realmente nas crianças para quem leciono. Mesmo.
Mas estou de saco cheio de ver pai colocar o dedo na cara de professor porque o filho foi com nota baixa. Pai escondendo as estripulias dos filhos, ensinando-lhes a serem desonestos, a conseguir o muito com o pouco. É triste.
Gavião ensina o filho a voar jogando-o de um penhasco, não ensinando-o a subir nas costas dos mais fracos.
Estamos criando uma geração de covardes, que no futuro vai nos dar muito trabalho.
Não dá para fazer experiências com educação. Mas é o que estamos fazendo.
As crianças cada dia ficam mais tempo dentro da escola, pra nada.
Eu não sou babá!
Quero um ambiente educacional em que eu consiga proporciar às minhas crianças condições de se tornarem cada dia pessoas melhores e que os professores se sintam em condições de fazer isso.
As crianças merecem muito mais do que isso, e não adianta cobrarmos delas que elas valorizem o que têm, porque em casa elas vêem os exemplos que as fazem chegar na escola e acharem que devam ser revoltadas.
Infelizmente é só a escola que tem pagado o preço mais alto.
Ouvir um promotor dizer que estudamos pra isso nos dá margem para dizer que se ele fizesse o seu trabalho bem feito, não existiriam bandidos soltos nas ruas.
A minha opinião é bem simples e direta: enquanto não cobrarem dos pais a responsabilidade pelos seus filhos, nada disso vai mudar.
É um absurdo um diretor ter que ir buscar uma criança na casa dela esta dizer que não foi na escola porque o pai não a acordou. Tenha paciência. Diretor tem que cuidar da saúde da escola, não ficar como Oficial de Justiça da Educação.
Depois, não adianta reclamar quando foi visitar seu filho em um Presidio qualquer desses. Porque, infelizmente, é o que vai acontecer.
Nossas crianças precisam de bons exemplos, e na escola, pode ter certeza, eles têm.
Em casa é que a coisa está cada dia mais feia. A lei da compensação só está criando malandros.
Nossas crianças precisam escutar mais NÃO e entender o NÃO como resposta.
Minha escola não parece um presidio quando tem alunos, mas os professores parecem agentes penitenciários.
Para mudar a Educação é necessário mudar a Escola. E devemos fazer isso antes que os professores resolvam acreditar que seu sonho já não compensa mais. Aí eu quero ver como vai terminar essa história.
Acredito que eu tenha liberdade para falar, porque, mesmo com todos os casos e descasos que presencio, e o esforço que os meus fazem para que tenhamos orgulho do que fazemos, pelo menos aqui, eu não sei viver sem isso!

Pronto, falei!

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