Hoje vou
tratar de um assunto que é comum nas Escolas, mas que entendo que não é tratado
da maneira como deveria ser: déficit de atenção, hiperatividade e crianças com
necessidades especiais, não necessariamente nessa mesma ordem.
Em um
deles eu sou expert: hiperatividade.
Muita
gente não sabe disso, mas sou hiperativo diagnosticado. Quanto a déficit de
atenção, rs, muita gente não sabe, mas eu demoro meses pra ler um livro, porque
não consigo me concentrar em duas linhas seguidas e as letrinhas parecem
embaralhar tudo, numa mistura do que significa com o que eu entendo + o que eu
imagino que seja aquilo e pronto: a salada de frutas tá toda desenhada.
Mas tem
coisas sobre as dificuldades que eu tenho que nem a minha família sabe até hoje,
como, por exemplo, pra que eu me lembre de algumas coisas eu tenho que fazer
associações. Na mesma proporção assustadora que eu tenho facilidade para
decorar coisas que me falam e não esquecer por toda a vida e a decorar números
enormes.
Por que
eu estou falando isso agora?
Porque
eu, graças ao seio familiar que eu sempre tive, de exemplos e mais bons
exemplos, fui aprendendo a conviver com as minhas limitações ou excessos. Isso
mesmo: têm gente que acha que a criança tem déficit, mas, na verdade, ela sabe
tanto sobre determinada coisa que nada a faz prender a atenção em algum
determinado tema que não lhe interesse.
Só pra
constar: existe alguma coisa hoje, nas escolas, que interesse a criança?
Bom, mas
vamos lá.
Hoje dão
tantos nomes praquilo que julgam como limitação na criança que acho que já
poderiam rotulá-las como deficientes de uma vez.
Uma cosia
eu garanto: se tivessem me dado a quantidade de medicamentos que dão pras
crianças hoje eu com certeza não teria chegado nem na metade de onde eu
cheguei, e não teria me tornado nem uma pequena fração daquilo que me tornei.
Posso não
ser nada hoje, mas tenho certeza que seria muito menos.
O termo
OPORTUNIZAR é novo. Podem procurar que vocês não vão encontrar. Utilizei a
primeira vez no meu primeiro livro: ESCOLA DE GÊNIOS (2008).
Então,
vou dar uma dica a esses gênios que dirigem as Escolas nos dias de hoje: é
fácil mandar criança pra "especialista" e ter como retorno que a
criança é hiperativa, que tem déficit de atenção. Enfia um remedinho goela
abaixo e a coisa fica bonitinha. Mas aí eu pergunto: porque a 30, 40 anos atrás
a coisa era diferente?
Esses
dias me responderam que é porque hoje existe muita informação e a criança não
está conseguindo lidar com todo esse excesso. SENHOR, me abana, como diz a minha
mãe.
Se o
sonho de todo educador no passado é que tivéssemos a facilidade de acesso à
informação que temos hoje, agora que têm, ela é prejudicial. VAI ENTENDER.
Eu
desenvolvi algumas técnicas:
1 - Pra
que eu preste atenção em uma coisa, tenho que fazer ao menos três. Estudo com
fone no ouvido escutando música, assistindo TV e, de preferência, com um papel
na frente pra rabiscar. Nos cursos que dou ou estudo, na maior parte das vezes
faço cestinho de jornal. Senão, qualquer barulho de carro na rua tira a pouca
atenção que eu já tenho.
2 - Você
quer matar um hiperativo é não deixar ele falar o que ele pensa. PRONTO. Então,
quando dizem "alguém têm alguma cosia a dizer", olha o André lá. É
muito melhor do que ficar me remoendo por não ter dito o que eu pensava e, pode
ter certeza, um moleque desses vai te surpreender.
3 - Eu
não escrevo em caderno. Compro aquele caderno chique, cheio de matérias, as
duas primeiras folhas são uma maravilha. O resto... Então, aprendi que minha
única saída era prestar bastante atenção nas aulas. Mas como você faz isso se,
em tese, você não consegue se concentrar? Utilize o item 1 desse tutorial,
kkkkk.
Fora as
brincadeiras, precisamos de Escolas mais humanizadas e justas. Que oportunizem
as crianças e desenvolvam nelas os seus talentos. TODAS AS CRIANÇAS SÃO
GENIAIS, cada uma dentro da sua limitação, mas são. Pense no X-Man. É mais ou
menos assim. Cada uma delas tem poderes especiais e peculiares a cada uma
delas, e a Escola age como aqueles que querem eliminar os mutantes, rs.
Existem,
com certeza, crianças que merecem atenção especial, que precisam realmente ser
medicadas. Mas estamos colocando no mesmo balaio crianças que precisam ser
menos mimadas, de pais que procurem menos defeitos ou justificativas para seus
filhos e de uma Escola que incentive o crescimento das penas, não que corte as
asas das crianças.
Quanto às
crianças com necessidades especiais, só quem tem uma criança especial sabe o
amor que ela precisa. É triste ver o que a Educação faz com criança que precisa
de um pouco mais de atenção do que as outras.
Se temos
dinheiros para levantar paredes de concreto em presídios, temos dinheiro também
para desenvolver estratégias que possibilitem a total interação de crianças com
necessidades especiais nas escolas.
Se temos
dinheiro pra manter funcionários que foram contratados há anos e nunca
desempenharam função alguma dentro da função pública, podemos contratar
funcionários especialistas em crianças com necessidades especiais e deixá-los
dentro das escolas, preparando os outros educadores para que, quando ocorrer,
tenham condições de recebê-los de braços muito bem abertos.
Espero
ter ajudado.
Há, eu
não sou doente!!! rs
E, se
você não consegue ler meus textos longos, não sou eu que escrevo muito, é você
que tem déficit de atenção. CUIDADO, vão ritalinar você.
Ah! Deixo a medicina me estudar, não vejo problemas nisso.